Reconhecimento

Pelotense recebe o Oscar da Oncologia

Médico Pedro Henrique Isaacsson Velho foi premiado nos Estados Unidos pela pesquisa no tratamento do câncer de próstata

Divulgação -

O médico pelotense Pedro Henrique Isaacsson Velho recebeu o prêmio The Career Development Award (CDA), da The Conquer Cancer Foundation da American Society of Clinical Oncology - a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco). Ele desenvolveu, no Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre, um estudo voltado a melhorar o tratamento do câncer de próstata, já em estado avançado. O trabalho ficou entre os 20 melhores apresentados, entre os 40 mil médicos participantes. Velho recebeu a honraria - considerada a mais cobiçada da Oncologia - em Chicago, nos Estados Unidos, além de uma quantia de 200 mil dólares para a ampliação da pesquisa em pacientes gaúchos e americanos.


Formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o oncologista é o primeiro que atua em uma instituição brasileira a receber o “Oscar da Oncologia” em 30 anos de existência da premiação. “Fiquei muito feliz. É um prêmio muito difícil, muito concorrido, pois todas as instituições de pesquisa participam. Tivemos a oportunidade de ser um dos 20 melhores trabalhos do ano”, considerou. A entrada para o rol dos seletos serve também de estímulo para continuar com as pesquisas. “Temos toda a estrutura para proporcionar tratamentos de excelência aos nossos pacientes, comparáveis a de outros centros de pesquisa de renome mundial”, afirmou. O estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Moinhos conta com a parceria da Johns Hopkins Medicine International.

O tratamento
O oncologista explica que desde a década de 50 a próstata é muito responsiva a terapias hormonais, sendo que o tratamento padrão é a diminuição da testosterona (hormônio masculino) dos pacientes, a níveis muito baixos. “O problema é que em algum momento do tratamento o câncer aprende a crescer mesmo diante desses baixos níveis de hormônios, o que chamamos de doença resistente à castração (uma fase doença).” Além disso, explica o médico, pacientes mantidos por longos períodos a níveis baixos têm efeitos colaterais importantes, como cansaço, perda de massa muscular, maior risco de infarto, derrames ou fraturas. “A linha de pesquisa tenta atacar o problema quando a doença avança ao cenário de castração. Aplicamos níveis altos de testosterona, associado ao radiofármaco Radium-223, aprovado pela Anvisa e nos Estados Unidos, em forma pulsátil.” O procedimento que permite ao paciente ficar um período de tempo com testosterona alta e outro baixo é chamado de terapia androgênica bipolar e consegue tratar e amenizar efeitos adversos.

Mais uma chance
O pesquisador explica que há pacientes fazendo tratamento semelhantes, mas este, que entrou para a lista dos melhores do mundo na oncologia clínica, deve iniciar ainda em junho. “Pacientes brasileiros e americanos poderão receber o mesmo tratamento, ao mesmo tempo, em uma nova fase de testes. Serão 50 voluntários, com câncer de próstata metastático resistente à castração, recrutados - a maioria selecionada pelo HMV”, adiantou.

Trajetória
O pelotense e ex-aluno da UFPel é chefe do Instituto de Pesquisa Moinhos, tem 36 anos e mais de 50 artigos científicos publicados. E esta não é a primeira vez que o oncologista se destaca. Em 2019, Velho já havia recebido o prêmio Global Young Investigator, também da Asco, por um estudo clínico que avaliava o tratamento com imunoterapia em pacientes com câncer de próstata. Seu foco principal é câncer de próstata, rim, bexiga e testículo.

Em sua trajetória, após se graduar na UFPel, fez residência em Oncologia Clínica no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e passou pela Clinical and Research Postdoctoral Fellow, em Tumores Genitourinários, no Johns Hopkins Hospital, em Baltimore, Estados Unidos, onde hoje atua também no Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center. Pedro Isaacsson é membro da Asco, da European Society of Medical Oncology e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Em um momento em que cortes para pesquisas são anunciados pelo governo federal, o oncologista deixa uma mensagem incentivadora aos alunos de Medicina e a todos os acadêmicos da UFPel. “Acho que devemos sonhar alto. Já estive em uma banca acadêmica e, pela minha experiência, sugiro que estudem muito, procurem se especializar - não só no Brasil - para buscar novos horizontes. Porque existe respeito e reconhecimento pela pesquisa brasileira”.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

UBSs de Pelotas abrem mais tarde nesta sexta-feira Anterior

UBSs de Pelotas abrem mais tarde nesta sexta-feira

Os preferidos da Fenadoce Próximo

Os preferidos da Fenadoce

Deixe seu comentário